quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O Fruto Não Cai Muito Longe do Pé

Eu acho que tinha uns 12 ou 13 anos. Juventude e Inter se enfrentavam no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Eu assistia a partida pela televisão junto com meu pai, como de costume. Devia ser um jogo válido pelo Campeonato Gaúcho, mas para falar a verdade não lembro exatamente qual era a competição. Nessa época, quando eu ainda estava iniciando meus passos como torcedor, havia algo na forma como meu pai torcia que me incomodava. Ele gritava, xingava, esperneava, reclamava de tudo. Se irritava com nossos jogadores e com a arbitragem, não importava o tamanho do jogo ou a competição. Nessa partida em específico, eu não aguentei muito aquela forma de torcer. Quando reclamei, meu pai retrucou veementemente dizendo que aquela era a forma de se torcer. Ainda assim não gostei, e preferi ir para o quarto.

Corta para 2021.

O Inter enfrenta o São Paulo no estádio Morumbi. Mais uma vez, eu e meu pai estamos em frente a televisão, sintonizados na partida. Inicialmente, eu estou nervoso e ele bastante tranquilo, já que absorveu a confiança do time logo nos primeiros minutos. Ao final da partida, estamos ambos radiantes e incrédulos diante da vitória acachapante do Inter: 5x1 com direito a hat-trick do jovem Yuri Alberto e liderança do Campeonato Brasileiro retomada. Mas durante a partida não pude evitar de lembrar daquela ocasião de 15 anos atrás. Afinal, durante o jogo eu e meu pai gritamos, xingamos, esperneamos, reclamamos. Vibramos com cada gol como se a nossa sala fosse o próprio Beira-Rio. Sim, eu fiz tudo isso junto com ele. Aparentemente, o fruto não cai muito longe do pé mesmo.

Se o Inter conseguirá se manter na liderança é algo que ainda vamos ver. Mas de qualquer forma agradeço pelo resultado histórico e pela memória.