sexta-feira, 16 de abril de 2021

Sonho Bizarro de uma Noite de Outono


Nem sempre tenho sonhos bizarros. Mas quando tenho, eles são lembrados em detalhes quando acordo. E às vezes podem ser compartilhados, como neste caso que ocorreu essa semana.

Eu estava na casa de um amigo como faria em qualquer outro momento não-pandêmico. Lá, por algum motivo, ele resolveu me dar os filmes que ele tinha para que eu pudesse incrementar minha coleção (para quem não sabe, eu tenho uma coleção de filmes em casa e talvez um dia eu escreva sobre isso). Entre os filmes estavam os blu-rays de Aladdin e os 40 Ladrões e A Nova Onda do Imperador, famosas animações da Disney que são dificílimas de encontrar no mercado de home video hoje em dia.

Foi então que resolvemos assistir a algum filme. Para isso, fomos até uma locadora. Isso mesmo, nada de Netflix (saudades de ir a uma locadora, aliás). Escolhemos dois filmes, sendo que um deles, por algum motivo, foi Esqueceram de Mim 2. A partir daí, os detalhes do sonho ficaram bizarros além da conta e é possível que talvez eu tenha tido dois sonhos e os misturei em um só na minha mente. O que lembro é que quando fui assistir a um dos filmes, repentinamente me vi em uma sala de cinema com várias outras pessoas e meu amigo havia sumido. Mas na hora não estranhei nada e procurei aproveitar o filme que era projetado na tela.

O filme, aliás, parecia ter um tema político e trazia Tom Cruise no elenco, interpretando um personagem bem parrudo e que visualmente lembrava o produtor Les Grossman, seu papel na comédia Trovão Tropical. A diferença, porém, foi que em determinado momento Cruise começou a tirar toda a maquiagem e enchimentos que o deixavam com aquele visual. Foi então que algumas pessoas que haviam se atrasado para a sessão começaram a entrar no local e alguém ali dentro ficava acendendo as luzes para ajuda-las. E como isso estava acontecendo com frequência, o projecionista parou o filme. Quando olhei para trás para checar a situação, me vi não em uma sala de cinema, mas sim em uma sala de aula com várias pessoas. A tela do cinema deu lugar a uma TV de tubo e o filme estava sendo rodado em um aparelho de DVD.

Mas como o filme havia sido interrompido, a TV estava sem sinal. Foi quando a professora ou diretora que estava na sala me chamou para tentar dar um jeito no problema, já que eu aparentemente era craque em consertar TVs sem sinal. Ao me aproximar, pude notar um áudio saindo direto do aparelho de DVD. Um áudio que concluí ser do Jornal Nacional. Apesar de não lembrar das palavras que estavam sendo faladas, lembro que William Bonner estava dando alguma notícia sobre o governo. Mas creio que não era nada muito animador.

Ao tirar o aparelho de DVD da tomada, uma fumaça começou a sair dele. Não deveria ser surpreendente, já que eu não sabia consertar nada mesmo. Mas imediatamente comecei a me preocupar com o disco que estava dentro do aparelho. “Vai estragar e vou ter que comprar o filme da locadora pra ela não ter prejuízo”, já imaginei. Como se a situação não pudesse piorar, quando olhei novamente para o aparelho ele estava em chamas e a professora usava um extintor para apagar o pequeno incêndio.

Após esse breve momento caótico, me vi de volta a minha casa, apesar de esta parecer mais o apartamento onde vivi com a minha avó durante muitos anos. Ali resolvi conferir os filmes que eu havia ganho do meu amigo. Ao abrir o estojo de Aladdin e os 40 Ladrões, me deparei com um disco quebrado, partido no meio.

Pelo visto, nesse sonho em específico, desgraça pouca era bobagem.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Procura-se: Empatia

Ontem à noite, no Big Brother Brasil, o professor João Luiz fez um desabafo, rebatendo uma piada racista que o cantor Rodolffo fez no fim de semana. Rodolffo havia dito que a peruca desgrenhada de homem das cavernas que ele teria que usar no chamado “Castigo do Monstro” parecia o cabelo black power de João. Uma piada de mal gosto e que João não recebeu nada bem, tendo guardado o que pensou e o que sentiu para compartilhar de uma vez só no Jogo da Discórdia que o programa realiza ao vivo toda segunda-feira.

Desde então, vi muitas pessoas se posicionando em apoio ao João, que em seu desabafo disse uma série de coisas que estavam entaladas na garganta dele e de outras pessoas. Mas também vi muitos comentários questionando as palavras do professor. Pessoas falando que João resolveu trazer a situação para o Jogo da Discórdia de caso pensado, para militar e queimar Rodolffo. Pessoas tentando minimizar o assunto, porque João levou a sério demais, que ele deveria ter falado com Rodolffo já que se sentiu tão incomodado, que deveria ter explicado com calma ao cantor, porque Rodolffo não fez por mal.

É difícil engolir que esse mundinho onde vivemos tem tantas pessoas preparadas para julgar a dor do outro e para dizer, nas entrelinhas, que essa dor pouco ou nada importa. Pessoas que, em grande parte, pregam "amai-vos uns aos outros", mas na primeira oportunidade jogam o amiguinho embaixo do caminhão e dizem que a culpa é dele. Já a dor delas próprias... Ah, essa é válida e merece ser discutida.

Não sei exatamente qual seria o problema de João ter planejado fazer este desabafo no Jogo da Discórdia com antecedência, já que isso não torna o sentimento dele menos real e a piada racista de Rodolffo mais aceitável. E se tem algo que os últimos anos têm nos ensinado é que não se tolera o intolerável.

Mas às vezes só um belo "vão se foder" acalenta um pouco a indignação. Porque é exaustivo. E pra quem sofre isso na pele, imagino que seja ainda pior.

Empatia anda em falta.