O primeiro turno do Campeonato
Brasileiro 2020 chegou ao fim. Ou pelo menos quase isso, já que alguns clubes
ainda têm partidas atrasadas para disputar. De qualquer forma, deixo aqui um pequeno
conto que escrevi sobre a corrida pela liderança na 19ª rodada do campeonato.
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Imaginem que a Série A do Brasileirão
é uma grande pista de dança.
20 times são representados por
seus mascotes em uma bela disputa pra ver quem dança melhor ao longo de 38 rodadas.
O meio da pista é reservado para quem está se destacando mais e mostrando mais
estilo dentro de suas competências, liderando nas pontuações da competição. Ali,
o Saci (Internacional), o Urubu (Flamengo) e o Galo (Atlético-MG)
estão mostrando um gingado interessante ao som de Bee Gees, chamando atenção
enquanto tentam (apenas “tentam” mesmo) imitar os passos de John Travolta em Os
Embalos de Sábado à Noite.
Chegando a 19ª rodada da disputa,
o Saci olha um pouco cansado para o Urubu.
“Colega, pode ficar com a
liderança” – diz o Saci – “preciso dar uma ajuda pro Gavião Mosqueteiro (Corinthians)
que está quase fora da pista”. (Corinthians 1 x 0 Internacional)
O Urubu fica surpreso com a
atitude do Saci, sentindo-se por um lado lisonjeado por poder ficar com a
liderança, mas também compadecido diante da bondade mostrada pelo adversário. O
Urubu sorri para o Saci.
“Ora, não se preocupe, meu caro. Pode
ir ajudar o Mosqueteiro, mas insisto que fique com a liderança”, diz o Urubu.
(Flamengo 1 x 4 São Paulo)
O Saci não acredita no que acaba
de ouvir. Será possível tamanha integridade por parte de seu rival?
“Mas isso não é justo com você” –
insiste o Saci – “Você está dançando tão bem. Não pode desperdiçar uma chance de
liderar sozinho a competição”.
Nesse momento, ambos olham para o
Galo que dança sorridente ao seu lado. A dupla mantém o ritmo da dança enquanto
se aproxima de seu companheiro. O Urubu puxa assunto.
“Galo, eu e o Saci estávamos aqui pensando. Você não está a fim de...”
“NÃO!” – interrompe o Galo – “Não
vou pegar essa liderança. Eu não me sentiria bem assumindo uma posição que
vocês merecem tanto quanto eu”. (Palmeiras 3 x 0 Atlético-MG)
As três figuras começam a discutir
amigavelmente enquanto dançam no meio da pista. Próximos dali, Guerreirinho (Fluminense),
Peixe (Santos) e Santo Paulo (São Paulo) assistem a cena, mas sem
deixar de tentar aprimorar suas coreografias, o que ocorre aos trancos e
barrancos. (Fortaleza 0 x 1 Fluminense; Santos 3 x 1 Bahia)
“Será que avisamos que eles estão
dando espaço para nós no meio da pista?”, pergunta Guerreirinho, deixando Santo
Paulo e Peixe pensativos.
“Não” – responde o Santo – “Vamos
deixar eles se enrolarem sozinhos”.