segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Saudade

Conversando com uma amiga recentemente, concluí que a melhor palavra (ou uma das melhores palavras) pra definir os últimos meses é “saudade”. Talvez esse seja o maior efeito que a atual pandemia provocou em mim, em um nível puramente pessoal.

Tenho saudade dos meus amigos e de visita-los sempre que possível.

Saudade de sair com eles por aí para beber e jogar conversa fora.

Saudade de ir ao cinema e passar o dia por lá, assistindo a três ou quatro filmes quando a programação permite. Aliás, saudades até do cheiro de pipoca que domina a entrada das salas, de tropeçar na escadaria enquanto procuro meu lugar e de ficar indignado com pessoas mexendo no celular durante a sessão.

Saudade de ir a uma cabine de imprensa e falar com meus colegas críticos de cinema.

Saudade de pegar uma cerveja numa barraquinha da Avenida Padre Cacique e ir bebendo a caminho do Beira-Rio, onde encontraria amigos para mais um jogo do Colorado (o momento do time pode não ser dos melhores, mas nós certamente ainda estaríamos lá dando uma força).

Saudade de ir a lugares como a Twin Video e a Zero Distribuidora, onde sempre encontro DVDs e blu-rays para agregar a minha querida coleção de filmes.

Saudade de pegar transporte público (ônibus, trem, lotação, o que for) e ir lendo algum livro até chegar ao meu destino.

Saudade de poder passear pelo Brique da Redenção.

Saudade da Feira do Livro de Porto Alegre, que possivelmente é o único evento que faz eu gostar de andar no meio de uma grande aglomeração de pessoas.

Saudade de ficar em casa por opção.

Enfim... Saudade. E espero que em breve seja possível suprir ao menos um pouco a falta que sinto de tudo isso.

E você, do que tem saudade?

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Vacinado

Foram pouco mais de 500 dias de espera. Um período de tempo marcado por muitos momentos de inferno astral e solidão, articulados em um constante sentimento de inutilidade, coisas que foram (e ainda estão sendo) combatidas por várias chamadas de vídeo com amigos, além de horas e horas gastas com jogos no computador. Isso quando não há obrigações para serem cumpridas. Mais de 500 dias, mas finalmente tomei a primeira dose da vacina para virar jac... Digo, vacina contra covid-19.

Claro, isso não quer dizer que automaticamente a pandemia se encerrou e, portanto, posso voltar a fazer tudo o que amo e que precisei deixar para trás há um ano e meio. Ainda há um longo caminho a ser percorrido. Mas mesmo que este tenha sido apenas o primeiro round, a sensação de alívio foi inevitável. Espero que seja um sinal de que o pesadelo está chegando ao fim.

E para não perder a chance ou o hábito, eis um poema.


Foi numa manhã de quarta-feira que acordei

Obstinado a ir até a vacina com a qual sonhei

Reencontrei na fila o grande Yuri

Amigo, nossos papos não há tédio que segure

 

Glorioso

E marcante foi o sentimento

No instante em que a vacina

Ostentou seu fundamento

Celebro assim o

Início do fim

Diante disso já aviso

“Aqui não, seu vírus maldito!”