Recentemente publiquei alguns textos por aqui comentando que consegui retomar meu hábito de ler, algo que encontrou
sérios obstáculos durante a pandemia. E é bom poder dizer que o ritmo das
leituras se mantém firme, o que faz eu crer que conseguirei comentar com certa
regularidade o que ando lendo.
A começar por Os Sete Maridos
de Evelyn Hugo. Escrito por Taylor Jenkins Reid, o livro nos apresenta a
Evelyn Hugo, uma grande estrela de cinema que viveu o auge da carreira nos anos
1960 e atualmente vive reclusa. Mas a atriz não era famosa apenas por seu
talento e beleza estonteante, tendo tido também uma vida amorosa conturbada, que
incluiu sete casamentos. E quando está perto de completar 80 anos, Evelyn
decide dar uma entrevista contando sua vida e a história desses relacionamentos,
mas apenas se a entrevistadora for a jovem repórter Monique Grant.
À medida que Evelyn Hugo se abre ao longo da entrevista, vemos uma personagem fascinante e complexa, que constantemente se viu tendo que tomar decisões dificílimas (e nem sempre corretas) para crescer na vida e na indústria cinematográfica, com o livro aproveitando isso para abordar temas relevantes como machismo e preconceito. Ao mesmo tempo, Taylor Jenkins Reid pode até estar contando a história de uma estrela de cinema fictícia, mas faz isso certamente fazendo referência a estrelas reais que, em maior ou menor grau, precisaram (e precisam) esconder detalhes essenciais de suas vidas por medo de perderem o prestígio que conquistaram. A autora concebeu em Os Sete Maridos de Evelyn Hugo um livro que instiga o leitor não tanto pela trama, mas sim pelos personagens, nos mantendo curiosos com relação ao destino de todos. E espero conseguir ler outras obras da escritora em breve.
Tendo terminado esse livro, parti
para um clássico da ficção científica, Fahrenheit 451, obra na qual Ray Bradbury
nos apresenta a uma distopia onde livros são proibidos e queimados por
bombeiros. Um desses bombeiros é Guy Montag, que se rebela contra esse sistema autoritário.
É uma trama fantástica, repleta de momentos tensos quando foca os embates do protagonista e seus esforços para preservar os livros que encontra, sendo que Ray Bradbury desenvolve suas ideias de um jeito que não deixa de ser bastante pé no chão. No processo, o autor acaba fazendo uma espécie de homenagem a Literatura e a Arte de modo geral, afirmando como tudo isso é essencial não só em termos de conhecimento humano, mas também para a nossa formação como indivíduos racionais e empáticos.
E para encerrar esse post
literário, nada melhor que um bom exemplar de meu gênero favorito. Nesse caso, a
bola da vez foi As Musas, novo thriller de Alex Michaelides,
autor que já havia me agradado com sua estreia, A Paciente Silenciosa.
Dessa vez, Michaelides conta a história de Mariana, psicóloga que ainda sofre
com a perda do marido, Sebastian, falecido um ano antes. A sobrinha dela, Zoe,
estuda na mesma universidade em que ela se formou. E é lá que ocorre o
assassinato de Tara, a melhor amiga de Zoe. Mariana acaba se envolvendo na
investigação, sendo que suas suspeitas a levam a um professor famoso da
universidade, Edward Fosca.
A narrativa concebida por Alex
Michaelides demora um pouco para engrenar, já que ele gasta um bom tempo estabelecendo
os personagens e todo o contexto da história. Mas isso acaba sendo
recompensador. Ainda que pontualmente dê atenção a uma subtrama descartável
envolvendo um paciente de Mariana, durante a maior parte do tempo o autor prende
nossa atenção com os mistérios que apresenta, além de conseguir manter a imprevisibilidade
de tudo até os momentos finais. Aliás, é preciso dizer que a reta final de As
Musas é seu ponto alto, com as coisas ficando realmente eletrizantes e tornando
o livro impossível de largar.
Em suma, foram três belas leituras.
Espero retornar com novos comentários literários em breve, ainda mais
considerando que a Feira do Livro de Porto Alegre rendeu bastante para minha
biblioteca particular.