Insegurança é uma merda.
Desculpem
essa frase de abertura, mas o óbvio às vezes precisa ser dito dessa forma mais
enfática, o que não ocorre quando usamos palavras polidas. Portanto...
Insegurança é uma merda.
Em
março deste ano vi um artigo que escrevi ser publicado em um livro, algo
totalmente inédito para mim. Como membro da Associação de Críticos de Cinema do
Rio Grande do Sul (ACCIRS), contribuí com o projeto literário sobre o cinema
gaúcho que o grupo tinha há algum tempo, escrevendo sobre um dos 50 filmes que aparecem
naquelas páginas (“50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho” é o nome do
livro, e eu escrevi sobre O Homem Que Copiava, de Jorge Furtado). Ter
feito essa (pequena) contribuição no projeto foi algo que me deu particular orgulho,
e provavelmente meus amigos mais próximos tenham sentido minha empolgação
quando falei para eles.
Mas...
Insegurança é uma merda, e como resultado disso vi apenas alguns familiares irem
ao lançamento do livro no início deste ano, além de ninguém que conheço ter ido
na sessão de autógrafos que ocorreu semanas atrás na Feira do Livro de Porto Alegre,
um dos eventos mais legais da face da Terra. “Mas que amigos desnaturados você
tem”, poderiam dizer alguns. O que esses alguns não saberiam é que se quase
ninguém que conheço foi prestigiar a mim (e por tabela, claro, a ACCIRS), isso
se deve porque eu não convidei direito as pessoas. E fiz isso conscientemente.
Tenho
refletido muito nos últimos dias sobre os motivos para eu ter deixado as coisas
rolarem dessa forma. Por que me arrependi de ter confirmado presença na sessão
de autógrafos? Por que não mandei mensagens para meus amigos convidando todos
eles? Por que apenas compartilhei um convite no Instagram sem realmente dizer
que fazia questão da presença das pessoas?
Insegurança
é uma merda tão grande que me trouxe uma série de sensações que me colocaram
para baixo. Uma sensação de que não sou digno de estar entre os autores do
livro, de que eu não merecia ser parte de uma associação como a ACCIRS. Uma
sensação de que não sou bom o suficiente naquilo que gosto de fazer (escrever,
principalmente sobre cinema). Uma sensação de que ninguém iria se importar caso
eu não comparecesse ao evento. Uma série de sensação que, basicamente, se
baseiam num medo de ser um fracasso, algo que rivaliza com o medo de ser bem
sucedido. É um pouco difícil querer dividir esses momentos marcantes com outras
pessoas quando a cabeça fica enrolada nessas ideias.
Ainda
assim, curiosamente isso não fez eu desistir de ir a sessão de autógrafos.
Talvez isso aponte que sou teimoso com o meu lado que gosta de uma autossabotagem
(ou que eu apenas goste de cumprir com meus compromissos). E para a minha
surpresa... Essas sensações sumiram quando me juntei aos meus colegas e
coautores. Foi uma sessão de autógrafos tranquila, onde tudo correu melhor que
o imaginado. E consequentemente isso fez eu me arrepender de não ter convidado as
pessoas apropriadamente para que o evento tivesse sido ainda melhor.
Comecei
a escrever isso mais como um desabafo, levando a sério a ideia que tive ao
criar esse blog para “arquivar” as abobrinhas que passam pela minha cabeça. Se
você chegou até essa parte do texto, gostaria de informar que eu até que sou
bom dando conselhos para amigos, apesar de eu mesmo não poder dizer que sigo estes
conselhos. Mas talvez lendo e imaginando que outra pessoa deu estes conselhos isso
mude um pouco. Por isso, digo que devemos procurar acreditar mais em nosso
potencial, nos orgulhar plenamente de nossas conquistas e compartilhar o máximo
que pudermos com as pessoas que amamos. Vai saber? Podemos estar perdendo de deixar
bons momentos ainda melhores.