sábado, 26 de novembro de 2022

Insegurança e Autossabotagem

Insegurança é uma merda.

Desculpem essa frase de abertura, mas o óbvio às vezes precisa ser dito dessa forma mais enfática, o que não ocorre quando usamos palavras polidas. Portanto... Insegurança é uma merda.

Em março deste ano vi um artigo que escrevi ser publicado em um livro, algo totalmente inédito para mim. Como membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS), contribuí com o projeto literário sobre o cinema gaúcho que o grupo tinha há algum tempo, escrevendo sobre um dos 50 filmes que aparecem naquelas páginas (“50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho” é o nome do livro, e eu escrevi sobre O Homem Que Copiava, de Jorge Furtado). Ter feito essa (pequena) contribuição no projeto foi algo que me deu particular orgulho, e provavelmente meus amigos mais próximos tenham sentido minha empolgação quando falei para eles.

Mas... Insegurança é uma merda, e como resultado disso vi apenas alguns familiares irem ao lançamento do livro no início deste ano, além de ninguém que conheço ter ido na sessão de autógrafos que ocorreu semanas atrás na Feira do Livro de Porto Alegre, um dos eventos mais legais da face da Terra. “Mas que amigos desnaturados você tem”, poderiam dizer alguns. O que esses alguns não saberiam é que se quase ninguém que conheço foi prestigiar a mim (e por tabela, claro, a ACCIRS), isso se deve porque eu não convidei direito as pessoas. E fiz isso conscientemente.

Tenho refletido muito nos últimos dias sobre os motivos para eu ter deixado as coisas rolarem dessa forma. Por que me arrependi de ter confirmado presença na sessão de autógrafos? Por que não mandei mensagens para meus amigos convidando todos eles? Por que apenas compartilhei um convite no Instagram sem realmente dizer que fazia questão da presença das pessoas?

Insegurança é uma merda tão grande que me trouxe uma série de sensações que me colocaram para baixo. Uma sensação de que não sou digno de estar entre os autores do livro, de que eu não merecia ser parte de uma associação como a ACCIRS. Uma sensação de que não sou bom o suficiente naquilo que gosto de fazer (escrever, principalmente sobre cinema). Uma sensação de que ninguém iria se importar caso eu não comparecesse ao evento. Uma série de sensação que, basicamente, se baseiam num medo de ser um fracasso, algo que rivaliza com o medo de ser bem sucedido. É um pouco difícil querer dividir esses momentos marcantes com outras pessoas quando a cabeça fica enrolada nessas ideias.

Ainda assim, curiosamente isso não fez eu desistir de ir a sessão de autógrafos. Talvez isso aponte que sou teimoso com o meu lado que gosta de uma autossabotagem (ou que eu apenas goste de cumprir com meus compromissos). E para a minha surpresa... Essas sensações sumiram quando me juntei aos meus colegas e coautores. Foi uma sessão de autógrafos tranquila, onde tudo correu melhor que o imaginado. E consequentemente isso fez eu me arrepender de não ter convidado as pessoas apropriadamente para que o evento tivesse sido ainda melhor.

Comecei a escrever isso mais como um desabafo, levando a sério a ideia que tive ao criar esse blog para “arquivar” as abobrinhas que passam pela minha cabeça. Se você chegou até essa parte do texto, gostaria de informar que eu até que sou bom dando conselhos para amigos, apesar de eu mesmo não poder dizer que sigo estes conselhos. Mas talvez lendo e imaginando que outra pessoa deu estes conselhos isso mude um pouco. Por isso, digo que devemos procurar acreditar mais em nosso potencial, nos orgulhar plenamente de nossas conquistas e compartilhar o máximo que pudermos com as pessoas que amamos. Vai saber? Podemos estar perdendo de deixar bons momentos ainda melhores.