Pouco depois da metade do segundo
tempo de Argentina x França, final da Copa do Mundo de 2022, eu comecei a fazer
pequenas anotações de coisas que eu poderia utilizar nesse texto. Coisas que
poderiam descrever e justificar o que, até aquele momento, era uma vitória
tranquila e mais do que merecida da Argentina.
E então chegamos aos 80 minutos de
partida (ou 35 minutos do segundo tempo) e precisei jogar fora todas as
anotações.
O que ocorreu no Catar foi um
jogo que podemos classificar com uma série de adjetivos grandiosos que temos no
dicionário.
Épico? Sim.
Catártico? Sim.
Insano? Sim.
Histórico? Não tenham dúvidas de que sim.
As seleções de Argentina e França
fizeram algo que não se vê todo dia: transformaram a final da Copa não só no
melhor jogo do campeonato (como deve ser), mas também em um jogo que
provavelmente será lembrado por muitos e muitos anos pelos admiradores do
futebol.
Um jogo que desafiou emoções e até a lógica. Durante 79 minutos, a Argentina mostrava uma vontade digna de campeões e uma organização impressionante, sendo que até o acaso parecia estar jogando ao lado de Lionel Messi e companhia, com tudo dando certo. Quando um jogador argentino chutava a bola para longe de sua área, ela fazia o capricho de desviar em um francês no meio do caminho e sair pela lateral do outro lado do campo. Quando a Argentina estava em plena velocidade no ataque e arriscava um passe, a bola passava sabe-se lá como entre as pernas de um francês. Assim, os argentinos pareciam que iriam levar a taça com serenidade, tendo construído uma vantagem de 2x0 ainda no primeiro tempo (gols de Messi e Di Maria) que os fazia desafiar até mesmo declarações como a do craque francês Kylian Mbappé, que há alguns meses disse que o futebol sul-americano não estava no mesmo alto nível do futebol europeu.
Os franceses, porém, não souberam aproveitar esse momento de superioridade física e psicológica para matar o jogo, até porque a defesa argentina não permitiu mesmo com o time claramente exaurido em campo. Talvez por isso, durante a prorrogação, os deuses do futebol tenham decidido virar a chavezinha novamente, e Messi aos trancos e barrancos fez 3x2.
Estaria agora a vitória assegurada? A resposta é... Não, já que futebol é um esporte em que mínimos detalhes importam. E mesmo quando você está seguro em campo, administrando bem o jogo e chutando a bola para a torcida para que não aconteça mais nada, um braço estendido do seu jogador dentro da sua área pode colocar tudo a perder. Chavezinha virada novamente, mais um pênalti para a França e 3x3, com Mbappé fazendo um hat-trick e se consolidando como artilheiro da Copa. E o atacante Kolo Muani ainda poderia ter evitado a disputa de pênaltis e dado a vitória aos “Les Bleus”... Isso se não houvesse um gigante chamado Emiliano Martínez preparado para fazer no último minuto o que podemos chamar de “A Defesa da Copa”. E acho que nesse momento, os deuses viraram novamente a chavezinha a favor dos argentinos.
Na loteria dos pênaltis, há dois pontos de vista: ou a França deu o azar de não poder colocar Mbappé em todas as cobranças, ou a Argentina que teve a sorte de contar com Martínez no gol, além de ter tido a competência para converter seus pênaltis. 4x2 e tricampeonato mundial finalmente assegurado. Um título merecido e que não coroa apenas o futebol argentino depois de 36 anos de insucessos em mundiais. Coroa também a genialidade de Lionel Messi.
Parabéns, Messi. Parabéns, hermanos.
Aproveitem a festa.
Um comentário:
Repito meu comentário de um outro post seu mais antigo. Só você para fazer eu me interessar por futebol mesmo. Mas se bem que a Argentina ter ganho, em cima do cara que falou mal da América do Sul, também ajuda.
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