“Não vai dar certo”.
Foi isso que pensei quando soube que
o Internacional havia contratado Andrés Nicolás D’Alessandro, em julho de 2008.
No auge da ignorância de meus 15 (quase 16) anos, eu sentia que o argentino não
deixaria grandes marcas com a camisa colorada. Um sentimento que acredito ter
sido resultado não só da citada ignorância, mas também do fato de na época eu
ter visto alguns estrangeiros em ação pelo clube e depois acabarem indo embora
sem deixar muitas saudades no torcedor, como o paraguaio Diego Gavilán e o
colombiano Fabián Vargas.
Mas logo em seus primeiros meses
D’Alessandro ajudou o clube a vencer uma Copa Sul-Americana, e a cada jogo ele mostrava
ser um jogador diferenciado. Podia ter um temperamento difícil, que o tornava
alvo fácil das provocações de adversários e o fazia bater de frente com os
árbitros, resultando em reclamações excessivas e até expulsões. Mas com a bola
no pé ele era um craque, desnorteando rivais com passes, gols e dribles (sua “la
boba” provou-se algo que beira o infalível). E o cara ainda exibia uma determinação
admirável, de forma que ele pode não ter jogado bem em todas as partidas, mas
certamente nunca lhe faltou vontade, o que só fortaleceu sua identificação com
clube e torcida. Não à toa seus números em quase 15 anos com a camisa do Inter são
coisas que não vemos todo dia: 529 jogos (segundo jogador que mais atuou pelo
Inter, perdendo apenas para as 803 partidas de Valdomiro), 97 gols, 111
assistências, 12 títulos.
E sua despedida do futebol na noite de ontem foi com chave de ouro. É verdade que o Inter está longe de viver um grande momento, e nem fez uma grande partida contra o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda. Mas D’Alessandro provou que tem estrela, fechando sua trajetória fazendo um golaço, ajudando o time a vencer de virada o jogo e ganhando o carinho da torcida, dos companheiros e até mesmo do árbitro e de jogadores adversários, o que acredito que mostra o quanto ele era respeitado no meio do futebol. Aliás, além do gol e da vitória, o ídolo ainda tomou um cartão por reclamação, para não esquecer seu famoso temperamento. Ou seja, a despedida de D’Alessandro teve a cara de D’Alessandro.
Foi, enfim, uma noite merecidamente memorável para um ídolo. E por todas as alegrias e conquistas com a camisa colorada, digo apenas: muchas gracias, Cabezón!
Segue abaixo meu Top 5 de gols marcados
por ele.
5) Internacional 5 x 3 Vasco
(07/07/2013)
4) Internacional 2 x 1 Peñarol (06/04/2014)