segunda-feira, 18 de abril de 2022

Muchas gracias, Cabezón!

“Não vai dar certo”.

Foi isso que pensei quando soube que o Internacional havia contratado Andrés Nicolás D’Alessandro, em julho de 2008. No auge da ignorância de meus 15 (quase 16) anos, eu sentia que o argentino não deixaria grandes marcas com a camisa colorada. Um sentimento que acredito ter sido resultado não só da citada ignorância, mas também do fato de na época eu ter visto alguns estrangeiros em ação pelo clube e depois acabarem indo embora sem deixar muitas saudades no torcedor, como o paraguaio Diego Gavilán e o colombiano Fabián Vargas.

Mas logo em seus primeiros meses D’Alessandro ajudou o clube a vencer uma Copa Sul-Americana, e a cada jogo ele mostrava ser um jogador diferenciado. Podia ter um temperamento difícil, que o tornava alvo fácil das provocações de adversários e o fazia bater de frente com os árbitros, resultando em reclamações excessivas e até expulsões. Mas com a bola no pé ele era um craque, desnorteando rivais com passes, gols e dribles (sua “la boba” provou-se algo que beira o infalível). E o cara ainda exibia uma determinação admirável, de forma que ele pode não ter jogado bem em todas as partidas, mas certamente nunca lhe faltou vontade, o que só fortaleceu sua identificação com clube e torcida. Não à toa seus números em quase 15 anos com a camisa do Inter são coisas que não vemos todo dia: 529 jogos (segundo jogador que mais atuou pelo Inter, perdendo apenas para as 803 partidas de Valdomiro), 97 gols, 111 assistências, 12 títulos.

E sua despedida do futebol na noite de ontem foi com chave de ouro. É verdade que o Inter está longe de viver um grande momento, e nem fez uma grande partida contra o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda. Mas D’Alessandro provou que tem estrela, fechando sua trajetória fazendo um golaço, ajudando o time a vencer de virada o jogo e ganhando o carinho da torcida, dos companheiros e até mesmo do árbitro e de jogadores adversários, o que acredito que mostra o quanto ele era respeitado no meio do futebol. Aliás, além do gol e da vitória, o ídolo ainda tomou um cartão por reclamação, para não esquecer seu famoso temperamento. Ou seja, a despedida de D’Alessandro teve a cara de D’Alessandro.

Foi, enfim, uma noite merecidamente memorável para um ídolo. E por todas as alegrias e conquistas com a camisa colorada, digo apenas: muchas gracias, Cabezón!

Segue abaixo meu Top 5 de gols marcados por ele.

5) Internacional 5 x 3 Vasco (07/07/2013)

4) Internacional 2 x 1 Peñarol (06/04/2014)


3) Internacional 4 x 1 Grêmio (28/09/2008)


2) Internacional 4 x 1 Náutico (13/10/2013)


1) Internacional 3 x 1 Atlético-MG (13/05/2015)

Um comentário:

Bruno Farinon disse...

Cara, gosto muito de como tu escreve, em geral, mas no futebol me chama a atenção a forma que tu me prende no texto - lembrando que eu não acompanho futebol e sou gremista (não praticante). Sei que o Dale é diferenciado. Baita desperado!