Há cerca de duas semanas, Internacional e Flamengo fizeram um jogo que foi considerado como a melhor partida do Campeonato Brasileiro de 2020 até agora. Teve comentarista esportivo (Paulo Vinicius Coelho) classificando a partida como a melhor do futebol mundial naquele fim de semana. Mas quis o destino que os dois clubes ficassem sem seus treinadores ao mesmo tempo. Ontem, o argentino Eduardo Coudet (ou “Chacho”, como nos acostumamos a chamá-lo) pediu para sair do Inter, ao passo que o espanhol Domènec Torrent foi demitido do Flamengo.
O 9 de novembro deveria ficar
marcado como Dia Nacional do Amadorismo no Futebol. Particularmente falando,
foi só isso que vi ao longo de toda essa segunda-feira. Coudet e Torrent
obviamente não são à prova de críticas e cometeram seus erros. Mas mesmo assim Inter
e Flamengo atualmente estão nas disputas das três principais competições
da temporada, sendo líderes no Campeonato Brasileiro e estando classificados na
Libertadores e na Copa do Brasil. Os treinadores se despedem deixando números
positivos (o colorado com 61,5% de aproveitamento e o flamenguista com 62,3%) e
até semana passada ambos sustentavam algumas boas rodadas invictos no
Brasileirão. Como dois clubes que estão em ordem em termos de resultados
conseguem ficar sem seus treinadores?
Claro que nada acontece de uma
hora para outra. Na opinião deste mero torcedor que vos fala, essa
segunda-feira serviu apenas para mostrar mais uma vez como os dirigentes
brasileiros são despreparados. Não há convicção em suas escolhas. Não há
ambição de projeto a longo prazo. Existe apenas a preocupação com resultados do
momento e com o próprio ego/poder. No caso de Coudet, houve tensão nos
bastidores, com os conflitos entre treinador e diretoria criando um ambiente
cada vez mais inóspito para o argentino. Mesmo com seus erros e teimosias, me
tornei um admirador do trabalho de Coudet, que fazia o melhor que podia com o
grupo de jogadores que tinha em mãos. Nem sempre era agradável de ver, mas os resultados
no geral são ótimos. E fico indignado que figuras como o presidente Marcelo
Medeiros e o diretor Rodrigo Caetano tenham contribuído para que as coisas
ficassem tão insustentáveis a ponto de o treinador pedir demissão.
Já Domènec Torrent é um caso diferente.
O espanhol chegou ao Brasil no meio do ano e, apesar de ter perdido alguns
jogos sofrendo goleadas acachapantes, me parece que foi demitido mais por não
ter exibido a regularidade que o Flamengo tinha com o técnico anterior,
Jorge Jesus. Uma vítima da expectativa criada pelo clube, que parece ter
contratado o técnico mais pela grife europeia do que propriamente por seu currículo.
Mas foram pouco mais de três meses de trabalho. Será que este tempo foi
suficiente para o treinador se adaptar e formar um time competitivo com suas
ideias? Ainda assim volto a dizer que os resultados não são ruins, apesar dos
pesares.
Não há como dizer que o futebol brasileiro vai bem quando vemos a tabela da Série A do Brasileirão e, dos vinte clubes ali presentes, apenas três mantêm hoje o mesmo treinador com o qual iniciaram o ano: o Grêmio com Renato Portaluppi (no clube desde 2016), o Fluminense com Odair Hellman e o São Paulo com Fernando Diniz. Claro que nem sempre são os dirigentes os culpados, já que temos técnicos por aí que, mesmo fazendo bons trabalhos em um bom ambiente e com respaldo da diretoria, não hesitam em deixar suas equipes ao receberem propostas de times considerados maiores (Vagner Mancini e Rogério Ceni são exemplos recentes disso). Mas certamente isso mostra a total falta de planejamento, de ideias claras e até mesmo de competência entre os profissionais do futebol nacional. Infelizmente, o nosso futebol hoje tem figuras limitadas movimentando sua engrenagem.
Um comentário:
Nossa! Que bagunça, cara. E assim, a troca de treinadores deve mexer muito com o time, espero que nao estrague a campanha positiva do inter.
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