– Você não pode evitar isso –
replicou o gato – Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco. Você é louca.
– Como sabe que eu sou louca? –
indagou Alice.
– Deve ser. Ou não teria vindo
aqui.”
Essa passagem de Alice no País das Maravilhas usada como prefácio em Asilo Arkham: Uma Séria Casa em Um Sério Mundo mostra o tipo de narrativa que encontraremos na graphic novel. A cultuada obra concebida por Grant Morrison e Dave McKean não é uma história comum do Batman, com ele salvando o dia de alguma forma em meio a tensão constante de Gotham City. Focando bastante na ambientação do hospital que mantém sob custódia as figuras psicologicamente desequilibradas que o herói enfrenta, o trabalho de Morrison e McKean joga o leitor em um submundo perturbado, com uma trama que faz jus a isso.
Em Asilo Arkham, os internos
assumem o controle do hospital, fazendo Batman ser chamado por James Gordon
para intervir, já que vilões como Coringa e Duas-Caras desejam falar com ele
pessoalmente. Lá, com o Coringa brincando com sua cabeça, o herói se vê diante
de uma espiral de loucura que parece querer mostrar que ele pertence àquele
lugar tanto quanto os vilões. Ao mesmo tempo, acompanhamos em flashbacks
situados várias décadas antes, contando a história de Amadeus Arkham, o fundador
do local e cuja própria vida é repleta de insanidades e tragédias.
Asilo Arkham se aproxima
muito mais de um terror psicológico que de uma trama de super-herói. As artes
de McKean, por exemplo, apresentam um universo que remete a pesadelos,
abordando todos os elementos da narrativa de maneira mais monstruosa (o próprio
Batman parece uma assombração). Isso casa perfeitamente com a proposta da
história de Morrison, cujas duas linhas narrativas (com Batman no presente e
com Amadeus Arkham no passado) jamais fogem da brutalidade ali presente. Aliás,
é interessante notar o paralelo feito entre o herói e o fundador do Asilo
Arkham, sendo eles dois indivíduos cujas vidas foram drástica e
psicologicamente impactadas pela violência ao seu redor. Violência esta que
surge de um jeito mais gráfico, até porque os vilões retratados aqui parecem
muito mais desequilibrados que o normal, o que reflete o próprio ambiente e o
tratamento do hospital.
Por mais angustiantes que sejam a arte e a história de Asilo Arkham, trata-se de uma graphic novel difícil de largar. Grant Morrison e Dave McKean conseguiram criar uma obra que constantemente instiga o leitor a saber o que acontecerá naquelas páginas. No processo, temos uma história que ajuda a expandir a visão quanto ao quão complexo o universo de Batman pode ser.
2 comentários:
EU AMO essa pegada séria de drama psicológico que certas obras do universo Batman adotam. Caralho, to afim de ler essa aí!
Para de me fazer querer ler DC hahah
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