segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O Inter Me Obriga a Beber...

Acho que todo torcedor que conhece seu time de futebol já espera algumas coisas dele, não importa se o clube é considerado grande ou pequeno ou se essas coisas são boas ou ruins. Com o Internacional não é diferente. Eu diria que é fácil se iludir com o time, bastando uma pequena sequência de ótimos jogos para que tenhamos a sensação de que a equipe fará bonito nos campeonatos. Em 2020, nas mãos do técnico argentino Eduardo Coudet acho que isso surgiu com um pouco mais de força que nos anos anteriores. No entanto, há certas manias que parecem estagnadas no DNA do time, não importando quem está no elenco ou na comissão técnica, e com as quais me irrito mesmo que não me surpreendam mais. Manias capazes de acabar com chances de título e, sabe-se lá como, sempre conseguem surgir quando o time só depende de si para alçar voos altos no Brasileirão.

Se o Inter tiver alguma chance de avançar no campeonato, é quase certo que ele irá perder ou empatar, desperdiçando a chance de deixar para trás alguns adversários diretos na tabela. Se o Inter for jogar com um clube em crise ou afundado na zona de rebaixamento, há uma grande possibilidade de que ele irá perder a partida e dar uma sobrevida ao adversário no campeonato (se estivesse no universo das histórias em quadrinhos, o Inter seria o Poço de Lázaro da DC Comics). E num costume relativamente comum em boa parte dos clubes, o Inter sofre para jogar bem quando está longe de sua casa, o Estádio Beira-Rio, o que dificulta a conquista de vitórias.

Podemos ver essas coisas voltando um pouco no tempo. Em 2003, o Inter chegou a última rodada precisando apenas de um empate para se garantir na Libertadores de 2004. Acabou levando 5x0 do São Caetano no Estádio Anacleto Campanella e dando a vaga ao Coritiba. Em 2013, o então líder Inter vinha de quatro vitórias seguidas num bom começo de Brasileirão, uma sequência interrompida quando perdeu de 3x0 para o então lanterna Náutico. Em 2016, o Inter teve três jogos em casa que poderiam garantir a permanência na Série A (contra São Paulo, Santa Cruz e Ponte Preta), mas empatou os três, perdendo até um pênalti.

Voltemos para 2020. Após uma certa demora para engrenar (algo que também teve como obstáculo a parada devido a pandemia do novo coronavírus), o time se mostrou admirável defensiva e ofensivamente logo no começo do Campeonato Brasileiro, além de exibir um jogo de toque de bola bonito de se ver (o que dizer do gol de Gabriel Boschilia contra o Botafogo?). E conseguiu isso mesmo tendo falhas em algumas peças, como na lateral-esquerda, uma posição que há anos não vê um titular minimamente eficiente. Com um início de Brasileirão empolgante (o melhor do clube na competição desde 1979, ano de seu último título brasileiro), o Inter chegou à liderança tendo o melhor ataque e a melhor defesa, se posicionando como um possível campeão. Mas os velhos costumes, que pareciam estar controlados, voltaram a dar as caras nas últimas semanas.

Nas sétima e oitava rodadas, o Inter empatou com Palmeiras e Bahia, entregando gols para os adversários nos minutos finais e perdendo pontos que poderiam criar a chamada “gordurinha”, que o distanciaria ainda mais do segundo colocado na tabela e o isolaria na liderança. Na décima rodada, após um jogo eficiente e vitorioso contra o Ceará, o Inter enfrentou um Goiás em crise, na lanterna do campeonato e que jogou a partida inteira com um jogador a menos. A fama do Inter de ressuscitar os “mortos” é tão grande que na manhã do jogo eu e meu pai comentamos que esse era o tipo de partida que o time gosta de perder. O resultado: 1x0 para o Goiás. E na rodada desse fim de semana, tivemos mais uma derrota de 1x0 fora do Beira-Rio, dessa vez para o bom time do Fortaleza comandado por Rogério Ceni, uma derrota que acabou acarretando na perda da liderança do campeonato para o Atlético-MG.


Claro que pode ser uma perda momentânea de liderança. Temos ainda 27 rodadas pela frente, o Inter tem alguns bons jogadores em seu elenco, já mostrou que pode jogar melhor e Eduardo Coudet (que, na humilde opinião deste colorado, é um técnico excepcional) faz um trabalho digno de confiança, ao passo que vários outros possíveis candidatos ao título (como Flamengo, Atlético-MG, São Paulo e Palmeiras) também têm exibido irregularidades. Mas se o time quiser alcançar coisas boas, ele precisa parar de tropeçar nas próprias pernas. Do contrário, o Inter vai sempre me obrigar a beber para esquecer as frustrações.

Um comentário:

Paula disse...

O Inter precisa de um psicólogo decente.
Falta propósito da parte dos jogadores, um estímulo.
Jogam só pra ganhar? Só pra cumprir tabela?
Acho que alguns jogadores não estão com a vida pessoal em dia.
Não estão bem resolvidos. Isso os faz perder foco.
Quando a responsabilidade é maior, não se sentem capazes de vencer.
Acabam atraindo derrotas e empates.
Se está fácil, mas a vitória levaria a algo maior...atraem derrota
ou empate.
Esses caras precisam de terapia!